O meu nome é Lucy Barton, de Elizabeth Strout
PARTINDO DO BANAL PARA ESCALPELIZAR AS RELAÇÕES HUMANAS Mas esta é a minha história. E, contudo, é a história de muitos. (…) E o meu nome é Lucy Barton. (p. 169) Um bom livro nem sempre necessita de ser inovador, de contar uma história que seja original. Lucy Barton, a protagonista, narra acontecimentos comuns do quotidiano, de modo simples e natural, revelando, contudo, um profundo conhecimento e um «olhar atento» aos gestos, sentimentos e emoções de cada personagem. Vivendo em Nova Iorque, e partindo de um episódio que lhe ocorrera há alguns anos, em que ficara internada num hospital com uma infeção bacteriana, Lucy recebe a visita da sua mãe — era a primeira vez que a via desde que se casara com William e, com ele, tivera duas filhas. Em cada diálogo, nota-se a familiaridade no trato e, simultaneamente, a dificuldade em demonstrarem o afeto e o amor que nutriam uma pela outra. Durante os dias em que permanece junto da filha, a mãe partilha episódios de vizinhos e outros habitantes