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A mostrar mensagens de julho, 2023

Um Muro e Uma Cerca, de Elisabete Martins de Oliveira

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  SOBRE A BELEZA DAS HISTÓRIAS SIMPLES QUANDO ABORDADAS COM UMA GRANDE SENSIBILIDADE O miúdo tem razão — consegui mostrar um sorriso. É impossível não o fazer quando se diz uma palavra com tantas vogais. O nosso rosto contorce-se para mostrar um pedacinho de alegria. (p. 111) Ler «Um Muro e Uma Cerca», da querida  @elisabete.martins.de.oliveira , transformou-se num momento bastante especial, porque, ainda antes de este livro ser publicado, já havia tido a oportunidade de privar com a autora (minha conterrânea!) e sabia o quão grande era (e sempre foi) o seu sonho de escrever e de ver os seus livros publicados por uma editora tradicional (dizem que o segundo já se encontra «no forno», 🤭). E, depois deste breve parêntesis, eis o que tenho a dizer sobre o seu primogénito: organizado em capítulos curtos, apresenta uma escrita clássica, acessível, limpa (destaco o uso inteligente da pontuação), com uma estrutura narrativa irrepreensível, em que as descrições são pormenorizadas sem ser exa

Quando Virmos o Mar, de Marta Pais Oliveira

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DA RELEVÂNCIA DE SE DISSERTAR SOBRE CRENÇAS E IDEIAS, ASSUMINDO O ENREDO E AS PERSONAGENS UM PLANO SECUNDÁRIO Outra coisa — lemos tantas vezes a mesma coisa e não vemos o erro. Ler a coisa certa no lugar do erro. Curioso, não é? Como acreditar viver a vida certa e ser tudo um enorme lapso. Talvez seja melhor nunca o saber. Há coisas que prefiro não saber. Prefiro não, alguém antes já o disse.  (p. 17) Existem autores(as) que se destacam pela qualidade da construção do enredo e/ou das personagens; outros(as) há, como é o caso de Marta Pais Oliveira com o conto singular «Quando Virmos o Mar», em que nos apercebemos de que os elementos de ficção são meros acessórios que visam suportar e dar palco à beleza e à violência do que escreve. Em 2020, @martapaisoliveira venceu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís com o romance «Escavadoras»; desde então, e depois de ouvir, na rádio, umas das suas entrevistas, a minha curiosidade em ler os seus livros aguçou-se. Começamos com uma história sobre

O Tesouro, de Selma Lagerlöf

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  SOBRE A ARTE DE CONTAR UMA HISTÓRIA, COM UMA MORAL E UM DILEMA BEM DEFINIDOS O mais duro destino para alguém a quem roubaram a vida é, pois, o não poder descansar em paz por ter de perseguir o seu assassino. Os mortos nada mais têm por que lutar do que pela possibilidade de descanso e de paz. (p. 62) Quando soube que a @penguinlivros reeditara um dos livros da escritora sueca Selma Lagerlöf, a primeira mulher a ganhar, em 1909, o Prémio Nobel da Literatura, decidi pedir um exemplar de #oferta, a fim de conhecer a escrita desta autora. «O Tesouro» conta-nos, por meio de uma breve narrativa redigida numa linguagem simples e em menos de cem páginas, a história de um crime ocorrido no presbitério de Solberga, em plena Suécia do século XVI; tinham assassinado todos os que ali residiam, com exceção da jovem Elsalill, a única sobrevivente, que desejava vingar, sobretudo, a sua irmã adotiva. Em Marstrand, o mar havia congelado, aprisionando as tripulações e os habitantes daquela cidad