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A mostrar mensagens de agosto, 2021

Balada para Sophie, de Filipe Melo e Juan Cavia

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  Que obra lindíssima, concebida de forma soberba e inteligente! Nunca pensei que algo contado através da banda desenhada/novela gráfica me pudesse enternecer desta maneira: o tipo de leituras que não fazia desde criança. Filipe Melo e Juan Cavia, por meio de diálogos e ilustrações fantásticas, relatam-nos a história de Julien Dubois, um pianista que colecionou êxitos atrás de êxitos, que viveu os seus últimos dias numa mansão situada numa pequena vila francesa. Doente e desalentado — e até envergonhado — com aquele que foi o percurso da sua vida, é incentivado pela jovem jornalista Adeline Jourd (depois de muita insistência) a contar o que realmente aconteceu. Mais do que a rivalidade e, em simultâneo, a admiração que Dubois sente pelo seu (aparente) principal concorrente — François Samson —, esta é uma história de amores destruídos, de remorsos e de conflitos internos, mas também de sobrevivência e de superação, sobre o poder da arte, em particular a música e até a dança: um par

Águas Passadas, de João Tordo

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  Trata-se do segundo thriller policial de João Tordo, cuja trama ocorre em janeiro de 2019, debaixo de uma chuva torrencial que não cessa durante treze dias. A frase «O que os olhos não vêem, o coração não sente.» ilustra a brutalidade dos crimes que resultaram na morte de dois adolescentes — a primeira vítima, uma rapariga de quinze anos, é encontrada deitada na areia da praia de Assentiz; o segundo corpo, o de um rapaz de dezassete anos, é descoberto na floresta de Monsanto. Pilar Benamor, subcomissária da PSP de Cascais, e Cícero Gusmão, um ex-informador da polícia que se refugia numa casa situada perto do Santuário da Peninha, são os primeiros a serem confrontados com este cenário sinistro, de contornos obscuros. Juntos, irão desvendar alguns dos segredos mais incómodos e perturbadores cometidos por uma franja da sociedade que se considera imune ao deter o poder político, social e financeiro. «Planear o Mal era um processo refinado, só ao alcance de certas pessoas que, pelas s

Thérèse Desqueyroux, de François Mauriac

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  Thérèse Desqueyroux é uma jovem mulher que vai a tribunal para ser julgada pela tentativa de envenenamento do marido, Bernard. Oriunda de uma família influente na época, e por forma a abafar o escândalo, apesar de todas as provas indiciarem a sua culpa — incluindo a falsificação de receitas médicas —, o caso acaba arquivado, sendo declarado improcedente. É precisamente pelo fim do julgamento da protagonista que começa este romance, da autoria do escritor francês François Mauriac, Prémio Nobel da Literatura em 1952. «Nunca os dois esposos estiveram tão unidos como naquela defesa; unidos numa só carne ( … ) Reconstituíram, expressamente para o juiz, uma história simples, sólida, e que pudesse satisfazer essa criatura lógica.» Não se pense, contudo, que este testemunho de defesa por parte da suposta vítima estava isente de contrapartidas: «Terminado o pesadelo, de que irão falar nessa noite Bernard e Thérèse? ( … ) Nada haverá entre eles além do que realmente aconteceu...» Na verdade, o