Balada para Sophie, de Filipe Melo e Juan Cavia

 


Que obra lindíssima, concebida de forma soberba e inteligente! Nunca pensei que algo contado através da banda desenhada/novela gráfica me pudesse enternecer desta maneira: o tipo de leituras que não fazia desde criança.

Filipe Melo e Juan Cavia, por meio de diálogos e ilustrações fantásticas, relatam-nos a história de Julien Dubois, um pianista que colecionou êxitos atrás de êxitos, que viveu os seus últimos dias numa mansão situada numa pequena vila francesa. Doente e desalentado — e até envergonhado — com aquele que foi o percurso da sua vida, é incentivado pela jovem jornalista Adeline Jourd (depois de muita insistência) a contar o que realmente aconteceu.

Mais do que a rivalidade e, em simultâneo, a admiração que Dubois sente pelo seu (aparente) principal concorrente — François Samson —, esta é uma história de amores destruídos, de remorsos e de conflitos internos, mas também de sobrevivência e de superação, sobre o poder da arte, em particular a música e até a dança: um par que combina sempre bem, não é verdade?

Em trezentas páginas, somos levados a experimentar um palimpsesto de emoções: ora sentimos tristeza e alegria, ora ficamos maravilhados e até chocados, ora rimo-nos daquilo que não tem piada e que, porém, alivia-nos depois de assistirmos a alguns episódios mais pesados.

O impacto deste livro em mim foi tal que decidi retomar, passados muitos anos, uma paixão adormecida, mas que sempre fez parte da minha vida: tocar órgão/piano. Há quem diga que é como andar de bicicleta: nunca se esquece.

Este foi o livro escolhido para participar na iniciativa #AgostoAoQuadrado dinamizado pela Silvéria Miranda.

Susana Barão

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