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A mostrar mensagens de março, 2021

A Pequena Farmácia Literária, de Elena Molini

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  O título é apelativo e a capa deliciosa: desde o painel de cores ao gatinho que observa a menina a carregar sobre os seus braços uma série de livros. Inspirada numa livraria situada em Florença, A Pequena Farmácia Literária conta-nos a história de Blu Rocchini (pela sua voz): uma jovem de trinta anos e dona de uma livraria independente de nome Novecentos, que se depara com o seu projeto dos livros afundado em dívidas e gerador de poucas vendas. Em paralelo, acompanhamos a conturbada vida sentimental de Blu, que a certa altura da trama vive uma noite memorável com um misterioso rapaz, a quem apelida de Gatsby, pois até o nome do sujeito ela desconhece por completo. Apercebendo-se do seu jeito para aconselhar livros às leitoras e leitores que visitam o seu espaço, é graças à ajuda de quatro amigas, com quem convive e divide as despesas no apartamento onde residem, que Blu renova o conceito do seu negócio: equiparar os livros a uma espécie de medicamentos, como se se tratassem de antíd

Karen, de Ana Teresa Pereira

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Antes de ler Karen , livro vencedor do Prémio Oceanos em 2017, comecei pela leitura de alguns contos desta escritora: Ana Teresa Pereira. Autora discreta que, não obstante, apresenta uma extensa carreira literária, com mais de quarenta obras publicadas, algumas delas premiadas. Ao explorar cada conto, notei logo algo de muito particular, muito singular na sua escrita, que é estranha, mas, ao mesmo tempo, fluída e consegue viciar. São os temas, são os cenários, são as personagens, cujos nomes por vezes se repetem; contudo, todos eles contam histórias diferentes. E sobre Karen : o que nos conta Ana Teresa Pereira nesta história? Narrado na voz da protagonista, começamos com uma descrição da nossa personagem a caminhar por Londres em direção a uma galeria. Supõe-se que é pintora, que não consegue viver sem os seus quadros, as suas telas, as suas tintas, os seus pincéis. Até que acorda numa cama, num quarto, numa casa que desconhece. Dói-lhe o tornozelo, apresenta ferimentos, uma c

A Bailarina de Auschwitz, de Edith Eger

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  Um relato de memórias, autobiográfico. A Bailarina de Auschwitz é o testemunho de vida de Edith Edger — célebre psicóloga de noventa e três anos, personagem principal e autora deste livro —, que se estende para além da experiência traumática do Holocausto, que é o ponto de partida para o desenvolvimento desta inquietante, e simultaneamente, inspiradora narrativa. Narrada na primeira pessoa, em jeito de diário, acompanhamos todo o percurso de Edith, desde o momento em que ela (apenas com dezasseis anos) e a sua família são enviadas para Auschwitz. Toda a história é pautada por descrições que nos impressionam: O momento em que Edith, na sua primeira noite no campo de concentração, é obrigada a dançar para o hediondo médico Josef Mengele, o conhecido Anjo da Morte; o episódio desconcertante dos M&M's, quando Edith e a sua irmã Magda são resgatadas por soldados americanos; a viagem de autocarro em Baltimore (aquando da imigração para os Estados Unidos), numa alusão clarividente d