Quando Virmos o Mar, de Marta Pais Oliveira
DA RELEVÂNCIA DE SE DISSERTAR SOBRE CRENÇAS E IDEIAS, ASSUMINDO O ENREDO E AS PERSONAGENS UM PLANO SECUNDÁRIO
Outra coisa — lemos tantas vezes a mesma coisa e não vemos o erro. Ler a coisa certa no lugar do erro. Curioso, não é? Como acreditar viver a vida certa e ser tudo um enorme lapso. Talvez seja melhor nunca o saber. Há coisas que prefiro não saber. Prefiro não, alguém antes já o disse. (p. 17)
Existem autores(as) que se destacam pela qualidade da construção do enredo e/ou das personagens; outros(as) há, como é o caso de Marta Pais Oliveira com o conto singular «Quando Virmos o Mar», em que nos apercebemos de que os elementos de ficção são meros acessórios que visam suportar e dar palco à beleza e à violência do que escreve.
Em 2020, @martapaisoliveira venceu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís com o romance «Escavadoras»; desde então, e depois de ouvir, na rádio, umas das suas entrevistas, a minha curiosidade em ler os seus livros aguçou-se.
Começamos com uma história sobre um general, narrado na terceira pessoa do
singular, para depois o cenário se centrar na relação entre uma mãe e uma filha,
surgindo, adiante, uma voz masculina que se assume como narrador na primeira
pessoa do singular. Por fim, instala-se uma polifonia de vozes. Afinal, o que interessa
—
encontrar uma linha condutora na narrativa ou desfrutar das reflexões que vão pontuando
cada página, ganhando estas um crescente destaque?
Correr é quotidiano, voar é sonhar. (p. 66)
Um livro pequeno, mas denso no conteúdo, o que tornou a leitura desafiante, mas não menos interessante, e que se insere na iniciativa #lusitanautores dinamizada pela Silvéria @silveria.miranda e pelo João @na.cama.com.os.livros.
Já leste algum dos livros desta jovem escritora portuguesa?
Susana Barão
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