A Noiva do Tradutor, de João Reis
Por fim, levanto-me e vou até à janela: ar fresco. Assim que terminei o livro, consegui voltar a respirar. É o cheiro a enxofre, a estrume, a urina, a alcatrão, a queimado … é a imundice dos lugares, das gentes, dos costumes que se acercam deste tradutor rezingão, que reclama de tudo e de todos, menos da sua Helena, a noiva, que parte num navio, deixando o nosso protagonista desolado, embriagado pelo sentimento da saudade. Ao mergulhar nesta história, o leitor é convidado a colar-se que nem uma lapa ao tradutor, ficando preso aos seus passos, aos locais por onde vagueia e se desloca, às pessoas com quem se cruza, aos pensamentos que o acompanham neste percurso com a duração de dois dias, numa cidade e numa época que desconhecemos; porém, se pudesse escolher, diria que estamos perante uma Lisboa do início do século XX. São os editores interesseiros e forretas a tirarem-lhe o tapete e a não honrarem os seus compromissos, são os falsos amigos que pretendem, a qualquer custo, ganhar