Segredos Obscuros, de Michael Hjorth e Hans Rosenfeldt
«O HOMEM não era um assassino.
Repetia isso para consigo enquanto arrastava o rapaz morto pela ladeira abaixo: Eu não sou um assassino.»
Esta é a expressão recorrente que podemos encontrar no livro Segredos Obscuros. Tratando-se de um thriller policial sueco, este é o primeiro volume dos seis já publicados da Série Sebastian Bergman.
Sebastian Bergman é psicólogo forense, sendo considerado pela polícia como um dos melhores especialistas a traçar o perfil comportamental dos assassinos em série.
Atravessando um momento sombrio da sua vida — perdera a mulher e a filha no tsunami ocorrido a 26 de dezembro de 2004 —, Sebastian vê os seus dias, sem objetivos, preenchidos por acontecimentos fortuitos que nada acrescentam à sua existência. É então que a morte da sua mãe o leva a viajar de Estocolmo até à cidade de Västerås, onde havia ocorrido um incidente macabro, selvagem: fora encontrado na floresta, por um grupo de escuteiros, o corpo de um rapaz de dezasseis anos, a quem havia sido removido a maior parte do seu coração. Roger Eriksson, o nome do adolescente assinado, sofria de Bullying.
E assim se inicia a investigação em torno deste homicídio complexo, com várias peripécias, avanços e recuos de pistas e suspeitos, descritos numa lógica ou fórmula, como alguns poderão considerar, que se encontra patente em outros livros deste género.
Narrado na terceira pessoa, é interessante a abordagem adotada para a descrição de cada personagem, como se habitássemos o seu mundo interior. Neste aspeto, penso que um melhor equilíbrio entre o contar e o mostrar teria impresso uma outra riqueza às personagens, isto é, deixar o leitor adivinhar alguns dos traços de personalidade apenas pelas ações e não porque nos dizem que têm determinadas características, qualidades ou defeitos.
A meu ver — e talvez porque ambos os autores são argumentistas — creio que as descrições chegam a ser exaustivas, ao ponto de me perguntar até onde, de facto, eram necessárias para o desenrolar do enredo principal. Na verdade, e apesar de considerar que o intuito fosse o de converter a história num formato televisivo, creio que num livro acabam por retirar espaço à imaginação do leitor.
Em paralelo com o desenrolar dos pormenores do crime e da sua resolução, ficamos também a conhecer as histórias (enredos secundários) das personagens principais, isto é, da equipa de investigação, mas, sobretudo, do protagonista — Sebastian Bergman. No fim do livro é feita uma revelação que irá suscitar no leitor a curiosidade de continuar a ler os livros da restante saga.
Não obstante as 537 páginas que compõem este livro, a escrita é simples e fluída, permitindo uma leitura rápida desta narrativa, para além do suspense criado — principalmente a partir da página 300 —, numa ânsia por saber o que se segue.
Esta foi uma leitura conjunta realizada com a @carla_augusto_28, @raquelmat85 e a @beabook6, a quem agradeço todos os contributos e partilhas ao longo desta jornada em torno do mundo dos livros.
Susana Barão
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