O Baile, de Irène Némirovsky

 


«— Vamos precisar do maior número possível; são decorativos, e então se estão vestidos como deve ser

— Estás a brincar, meu caro, eles são todos condes, marqueses, viscondes pelo menos»

Kampf são um casal de novos-ricos dos anos vinte do século XX; para exibirem a sua riqueza perante a sociedade francesa, decidem organizar um baile. Antoinette tem catorze anos e deseja participar nesta festa; a mãe, por sua vez, incomodada com os modos da filha e, em parte, receosa que esta lhe roube as atenções, impede a sua presença neste evento. Como jovem adolescente em plena transformação, e sentido a rejeição da afeição materna, Antoinette não se conforma com esta decisão, sendo levada pelos seus impulsos a tomar atitudes que poderão colocar em causa a concretização dos desejos de Mme Kampf.

Irène Némirobvsky, inspirada nas vivências com a sua mãe, consegue através desta pequena novela, em pouco mais de cinquenta páginas, retratar com maestria a relação tumultuosa entre uma mãe e uma filha, condimentando-a com laivos de maldade, mas também com momentos de doçura infantil, reflexo das vicissitudes características da adolescência.

A escrita é vertiginosa e os diálogos são sublimes. A narrativa é intensa e as personagens apresentam-se complexas e contraditórias, que é, como quem diz, humanas

«Quando tivesse quinze anos, o sabor do mundo seria diferente»

Irène Némirobvsky foi uma autora judia-franco-ucraniana com seis obras publicadas, tendo o seu romance «Suite Francesa» sido um sucesso mundial e vencedor póstumo em 2004 do prémio Renaudot.

Infelizmente, Irène foi vítima da crueldade Nazi, tendo falecido em 1942 no campo de concentração de Auschwitz.

Susana Barão


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