Susana em Lágrimas, de Alona Kimhi
«Susana em Lágrimas» é o romance de estreia da autora israelita Alona Kimhi. Este é um daqueles livros perdidos na estante e cuja leitura já havia abandonado por duas vezes; no entanto, em conversa com a Silvana da página @pordetradaspalavras decidi dar uma terceira oportunidade a esta história.
Susana Rabin é uma mulher de trinta e poucos anos, extremamente sensível, frágil e que vive protegida pela mãe, Ada, de personalidade dominante. Sofrendo de ansiedade social, Susana refugia-se na sua existência interior, evitando a todo o custo o contacto com outras pessoas, observando a vida como um espetáculo a que assiste e nunca participa.
Até que surge a visita de um primo americano afastado, a quem a protagonista apelida de «hóspede» e que vem alterar o seu quotidiano familiar. Gradualmente, Naor começa a conquistar todos à sua volta, incluindo Susana, que se deixa deslumbrar pela sua beleza, pelo fascínio pelas artes (a pintura, um gosto em comum), a sua inteligência e o seu sentido de humor. A intrusão inicial dá lugar a uma crescente cumplicidade entre os dois, culminando numa relação de intimidade que permite a Susana experienciar um leque de sensações e emoções intensas e a sair do torpor em que sempre vivera.
O saldo positivo que retirei desta leitura deve-se, sobretudo, ao facto de ter sido partilhada na companhia da Silvana, que me fez compreender a fundo as vantagens associadas a esta prática. Esse foi um dos motivos que me levaram a não desistir novamente deste livro, depois de me ter deparado com alguns problemas estruturais — carência de alguma limpeza textual (revisão, adjetivação) e a organização dos capítulos, extensos, sem pausas entre parágrafos, tornando a leitura pouco fluida.
Como pontos fortes desta narrativa destaco a reviravolta final, a complexidade das personagens, a relação desenvolvida entre Naor e Susana e a evolução da relação materna. Em suma: um livro com um início custoso, uma leitura por vezes arrastada, mas que no final conseguiu arrebatar e deixar-me, por vezes, com um nó na garganta.
Susana Barão
Obrigada. Susana, por mais uma reflexão interessante fruto das tuas leituras. Acho que será mais um livro a juntar à minha lista.
ResponderEliminarOlá, Teresa. Infelizmente em Portugal o livro está esgotado. É um romance que, caso leve um outro polimento textual, pode vir a ser reeditado e talvez a ter mais alcance, dada a intensidade da narrativa.
EliminarOlá, Susana, obrigada pelo esclarecimento. Pode ser mesmo que venha a haver uma reedição, quem sabe...
EliminarEntretanto, na livraria solidária de Carnide, descobri um exemplar! Beijinhos
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