Cães Maus Não Dançam, de Arturo Pérez-Reverte

 


SOBRE LUTAS DE CÃES

Com romances adaptados à televisão e ao cinema, como é o caso de «A Rainha do Sul», Arturo Pérez-Reverte apresenta-nos em «Cães Maus Não Dançam» uma história narrada pela voz de Negro: «um rafeiro, cruzamento de mastim espanhol e cão-de-fila brasileiro.» Sim, o narrador é um cão e as personagens, cães e cadelas.

É no «Bebedouro», uma espécie de bar/ponto de encontro canídeo, que se reúne a maioria das personagens que compõem este enredo. Teo e Boris, companheiros de Negro, desapareceram, e existem fortes suspeitas de que foram capturados para integrarem um submundo obscuro, onde apenas temos presas e predadores, mas nunca vencedores. Para salvar os amigos, Negro terá de enfrentar o seu passado. Deparamos, assim, com a inquietante e sangrenta realidade das lutas de cães. Tomei conhecimento (pela primeira vez) desta prática ilegal e condenável com a visualização do filme mexicano «Amores Perros» e recordo-me do quão impressionada fiquei ao assistir a essas imagens. Deste modo, à medida que fui avançando na leitura, senti algum receio de que esta se tornasse incómoda e difícil pelas descrições duras normalmente associadas a estes atos.

Um livro pequeno (157 páginas no total), com capítulos curtos, no qual a escrita acutilante e ácida, mas misturada com alguns pozinhos de humor, em que a predominância do olfato e da audição — e só depois da visão — nas descrições e nos diálogos ajudam à perceção dos acontecimentos relatados.

«Essas mariquices não são o meu estilo, como podem imaginar. Os cães maus não dançam. No entanto, naquela noite eu arriscava muito mais do que um jogo, uma carícia ou um naco saboroso. Apostava a vida...»

Uma história com potencial para converter-se num filme de animação, a par de muitos que têm vindo a ser transmitidos, nos últimos anos, na RTP2.

Já leste algum livro que aborde esta cruel realidade?

Susana Barão


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