Conversas Com a Minha Gata, de Eduardo Jáuregui

-

 

PSICOLOGIA POSITIVA — APENAS UMA QUESTÃO DE PERSPETIVA?

«Não, não, saltar (…) teria sido muito mais fácil. Aquilo que te proponho é o caminho de uma heroína. (…) árduo e cheio de perigos. Fácil? Não é mesmo nada fácil. Mas é muito gratificante, sem sombra de dúvida. E a vantagem é que tens ao teu serviço uma guia excelente.»

E é isto que uma gata abissínia, de nome Sibila, diz à protagonista desta história, que se sente encurralada pela vida. Com quase quarenta anos, num emprego que antes adorava, mas que agora a sufoca, e numa relação amorosa que outrora a completava, Sara León, uma mulher espanhola a residir em Londres, está deprimida. Sozinha, tem apenas por companhia uma felina falante. Ou serão alucinações?

Ainda que a dúvida se mantenha ao longo do livro, Sara decide seguir e pôr em prática os ensinamentos da gata Sibila. Com efeito, dá por si, aos poucos, a alterar as suas rotinas e, principalmente, a ver, a ouvir, a cheirar e a sentir os dias de uma outra forma. As adversidades permanecem, mas Sara começa a encará-las de modo diferente. Copo meio cheio ou meio vazio: uma mudança de perspetiva.

Dividida em três partes (seguindo a fórmula da jornada do herói) e contada na primeira pessoa do singular, trata-se de uma narrativa, ainda que ligeira q.b., com uma escrita acessível e de leitura rápida, em que assuntos mais complexos, como, por exemplo, a crise climática, são abordados com sucesso.

É através da figura de uma gata que o autor, Eduardo Jáuregui, psicólogo «especializado na área do Humor e Psicologia Positiva», transmite os seus conhecimentos.

É um livro que representa uma leitura leve e apropriada para «curar» as famosas ressacas literárias. Agradeço à Fátima Mariano a oferta deste mimo.

😺 Gostas de histórias com gatos? Se sim, escreve a(s) tua(s) sugestões nos comentários. 😊

Susana Barão


Comprar aqui (Wook)

Comprar aqui (Bertrand)

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

O parque dos cães, de Sofi Oksanen

-
Imagem
  MANIPULAR PARA SOBREVIVER. DA DESAGREGAÇÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA AO NEGÓCIO DA PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA. As pessoas que sirvo são mais agradáveis do que qualquer uma daquelas com quem lidei na minha vida anterior, e é por isso que as palavras «os meus clientes» estão perto do topo da lista. No topo está «o parque dos cães» . (p. 57) Helsínquia 2016. Uma mulher está sentada num banco de jardim, perto do parque dos cães daquela cidade. A sua atenção recai sobre uma família finlandesa, em particular para os filhos do casal. Quando o passado a assombra e o perigo se aproxima — uma das suas «raparigas» reaparece —, Olenka pega na sua «Lista de Coisas Boas». A história de Olenka, narrada pela própria, divide-se em duas linhas temporais: a atual, na Finlândia, e a passada, na Ucrânia, aquando da desagregação da União Soviética e do crescimento das redes criminosas do Leste, em resposta à procura e às exigências do Ocidente. Em 2006, regressa à casa da sua família, que vive numa aldeia
Ler mais

Não Saí da Minha Noite, de Annie Ernaux

-
Imagem
RELATO ÍNTIMO SOBRE ESQUECIMENTO, DOR E MEMÓRIA   Pela primeira vez, imaginei claramente a sua vida aqui, para lá das minhas visitas (…) Estou a arranjar uma tonelada de culpa para o futuro. Mas mantê-la em minha casa era deixar de viver. Ela ou eu. Lembro-me da última frase que ela escreveu: «Não saí da minha noite.» (p. 34) Depois de se sentir mal e de ser hospitalizada, em 1983, e já acusando algumas falhas de memória e comportamentos estranhos, a mãe de Annie Ernaux recebe o diagnóstico da doença de Alzheimer. Na esperança de que pudesse recuperar o dinamismo e a independência que a caracterizavam, Annie leva-a para sua casa, para junto de si e dos dois netos. Durante este período, Annie começa a escrever pedaços sem ordem dos comportamentos bizarros que observa da sua mãe, de como se sente perante a crescente degradação e perda de faculdades cognitivas e mentais. Ante a impotência e incapacidade para ajudar a sua progenitora, a mãe de Annie passa a depender dos cuidados d
Ler mais

O Tesouro, de Selma Lagerlöf

-
Imagem
  SOBRE A ARTE DE CONTAR UMA HISTÓRIA, COM UMA MORAL E UM DILEMA BEM DEFINIDOS O mais duro destino para alguém a quem roubaram a vida é, pois, o não poder descansar em paz por ter de perseguir o seu assassino. Os mortos nada mais têm por que lutar do que pela possibilidade de descanso e de paz. (p. 62) Quando soube que a @penguinlivros reeditara um dos livros da escritora sueca Selma Lagerlöf, a primeira mulher a ganhar, em 1909, o Prémio Nobel da Literatura, decidi pedir um exemplar de #oferta, a fim de conhecer a escrita desta autora. «O Tesouro» conta-nos, por meio de uma breve narrativa redigida numa linguagem simples e em menos de cem páginas, a história de um crime ocorrido no presbitério de Solberga, em plena Suécia do século XVI; tinham assassinado todos os que ali residiam, com exceção da jovem Elsalill, a única sobrevivente, que desejava vingar, sobretudo, a sua irmã adotiva. Em Marstrand, o mar havia congelado, aprisionando as tripulações e os habitantes daquela cidad
Ler mais