Filosofia Felina, de John Gray

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PODE UM SER HUMANO APRENDER COM UM GATO?

«Os gatos não precisam de filosofia. Obedientes à sua natureza, satisfazem-se com o que a vida lhes dá. Nos humanos, em contrapartida, parece ser-lhes natural a insatisfação com a sua natureza.» (p. 8)

Um ensaio pequeno, mas denso no seu conteúdo, «Filosofia Felina» aborda questões filosóficas e morais em torno da relação histórica entre humanos e gatos. Centrando-se na condição humana, este livro evidência o modo como nos relacionamos com outras formas de vida. De acordo com o escritor e filósofo John Gray, os humanos reprimem a sua natureza, sendo que, para muitos, a civilização é um estado de angústia e de reclusão.

Amante de gatos, Michel de Montaigne duvidava que a filosofia pudesse curar a inquietação humana. Em oposição, Pascal acreditava na superioridade dos humanos em relação aos animais, por estarem conscientes da sua imagem bem como da finitude das suas vidas.

«Na verdade, o mundo interior dos gatos pode ser mais lúcido e vívido que o nosso. Têm sentidos mais apurados, a sua atenção não é poluída por sonhos quando estão acordados. A ausência de uma imagem de si pode tornar mais intensa as suas experiências.» (p. 75)

Apesar da violência descrita em algumas passagens (sobretudo no primeiro capítulo), que, infelizmente, muito nos diz sobre a humanidade, trata-se, no geral, de uma leitura tranquila e relaxante, com a partilha curiosa de algumas histórias de companheiro(a)s felino(a)s de personalidades conhecidas. Alguns exemplos: a relação entre a escritora Sidonie-Gabrielle Colette e a sua gata Saha; a escritora Patricia Highsmith e o seu gato Ming; o romancista Junichir­­o Tanizaki e a sua gata Lily.

«A vida, como gatos que são, tem sentido de sobra para eles. Os humanos, em contrapartida, não conseguem deixar de procurar sentido além da vida.» (p. 117)

Livro traduzido por Nuno Quintas e revisto por Helder Guégués.

Ficaste convencido(a)? Ponderas ler este livro? 😉

João Castro e Susana Barão


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