A Breve História da Menina Eterna, de Rute Simões Ribeiro

(BREVE) OPINIÃO DE LEITORA: DE UMA VIDA QUE TOMA CONSCIÊNCIA DA SUA FINITUDE

«... não se antecipa daqui uma história leve. Mas é franca. Se há ainda leveza nela, pergunta. Que valha a pena prosseguir. Que direi disso? À franqueza me obrigarei também mais uma vez. Satisfaço-me com o seu andamento e, como nele persisti, também no seu fim algo alcancei.»

Quando penso que tudo o que se pode saber sobre a finitude da vida já se encontra escrito ou dito, eis que surge a oportunidade de ler este pequeno grande livro da escritora portuguesa Rute Simões Ribeiro (finalista do Prémio LeYa 2015) — «A Breve História da Menina Eterna» —, cujo exemplar na minha posse contempla uma passagem manuscrita pela autora (que aqui transcrevo), tendo também aproveitado para emprestar a minha voz às suas palavras.

Enquanto se conhece a história da menina M, mediante um modo de narrar que quebra com as convenções clássicas, a Rute, em intervalos pensados, interpela o/a leitor/a, deixando avisos e pistas pertinentes sobre os assuntos que se propõe escalpelizar em pouco menos de 100 páginas.

A escrita da Rute é poética e lírica, sendo notória a sua mestria na combinação de palavras, sem necessidade de recorrer a vocábulos caros. Até com um simples gesto do quotidiano, como uma ida a um café, a Rute consegue imprimir originalidade em cada um dos vários episódios narrados.

Além da problemática da morte, da qual queremos sempre fugir pela natural angústia que nos provoca, também o tema da maternidade é aqui explorado com uma beleza difícil de se traduzir em poucas palavras.

Um livro de leitura e releitura obrigatória.


Susana Barão

Adquirir o livro com a autora (Aqui)




Comentários

Mensagens populares deste blogue

O parque dos cães, de Sofi Oksanen

Não Saí da Minha Noite, de Annie Ernaux

O Tesouro, de Selma Lagerlöf