O parque dos cães, de Sofi Oksanen

 

MANIPULAR PARA SOBREVIVER. DA DESAGREGAÇÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA AO NEGÓCIO DA PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA.

As pessoas que sirvo são mais agradáveis do que qualquer uma daquelas com quem lidei na minha vida anterior, e é por isso que as palavras «os meus clientes» estão perto do topo da lista. No topo está «o parque dos cães». (p. 57)

Helsínquia 2016. Uma mulher está sentada num banco de jardim, perto do parque dos cães daquela cidade. A sua atenção recai sobre uma família finlandesa, em particular para os filhos do casal. Quando o passado a assombra e o perigo se aproxima — uma das suas «raparigas» reaparece —, Olenka pega na sua «Lista de Coisas Boas».

A história de Olenka, narrada pela própria, divide-se em duas linhas temporais: a atual, na Finlândia, e a passada, na Ucrânia, aquando da desagregação da União Soviética e do crescimento das redes criminosas do Leste, em resposta à procura e às exigências do Ocidente.

Em 2006, regressa à casa da sua família, que vive numa aldeia ucraniana. A carreira como modelo, em Paris, havia terminado. Não querendo permanecer refém dos «negócios caseiros» da família, Olenka decide procurar outras oportunidades de trabalho. Deste modo, envolve-se num negócio obscuro, tornando-se dadora de ovócitos; mais tarde, ao subir na hierarquia, ocupa o cargo de coordenadora e começa a levar uma vida de ostentação e luxúria.

Para sobreviver, Olenka especializa-se na arte da manipulação, sendo habilidosa nos planos que constrói a médio e a longo prazo — só a traição e o amor a poderão denunciar.

Com uma escrita envolvente e um enredo intrincado, «O parque dos cães», de Sofi Oksanen, é um romance que assume a estrutura de um thriller psicológico e que traça, sem ser exaustivo, o contexto social, económico e político da Ucrânia.

A tensão e o suspense adensam-se até ao final da narrativa, cujo desfecho, apesar de aberto, causou-me alguma angústia.

Agradeço à Penguin Random House Portugal a cedência deste exemplar.

Costumas lidar bem com finais abertos?

Susana Barão


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