Os Vampiros, de Filipe Melo e Juan Cavia

UMA NOVELA GRÁFICA SOBRE A GUERRA COLONIAL PORTUGUESA

Os únicos vampiros aqui… somos nós. (p. 218)

Inspirada numa das canções mais emblemáticas na luta contra o Estado Novo, «Os Vampiros», de Zeca Afonso (escrita nos anos 1960), serviu de inspiração a esta novela gráfica com argumento de Filipe Melo e ilustrações de Juan Cavia, que nos conta um episódio ocorrido durante a guerra colonial portuguesa numa das suas três frentes.

Guiné, dezembro de 1972. Destacados para uma operação especial de reconhecimento, um pequeno grupo de militares portugueses, em plena véspera de Natal, atravessa a fronteira para o Senegal, em busca de uma da bases do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).

Esta narrativa, ainda que ficcionada, pretende traçar um retrato daquela que foi a realidade vivenciada por soldados pouco preparados para combater e defender o território de um povo que, há muito, pretendia conquistar a sua independência e deixar de se reger pelas regras da metrópole (Lisboa) que distava 3400 quilómetros.

Na guerra, não existem vencedores, apenas vítimas, mesmo do lado de quem agride. Morrer ou enlouquecer: as únicas possibilidades. Do trauma às alucinações, é hercúlea a tarefa de se manter vivo: basta pisar o que não se deve ou um mero disparo acidental. A crueldade do ser humano desconhece limites quando as circunstâncias assim o permitem. Alerto para o grafismo de algumas cenas, que poderão ferir a suscetibilidade de alguns leitores(as).

As cores vivas e o traço preciso transformam cada vinheta numa obra de arte, não esquecendo os diálogos que as acompanham, de construção inteligente e que apresentam palavras/expressões marcadas a negrito de modo intencional.

Por fim, aproveito para agradecer à @_joanadesousa_, que teve a amabilidade de me emprestar este livro que considero de leitura obrigatória.

Costumas ler novelas gráficas?

Susana Barão


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